Tudo começou com aquela sensação nada confortável de necessidade de mudar a rota profissional, me adequar à realidade do mercado profissional depois de quase 15 anos de formada e 8 anos de acomodação no serviço público. A certeza que eu tinha é de que a minha bússola estava apontando para a área de tecnologia. Minha cabeça dizia: “esse é o presente, essa é a tendência” e, sem coincidências, para onde grande parte das minhas buscas aleatórias por emprego me levavam. Especificamente um tal de “úquis”.

O que seria aquela junção de letrinhas, UX, que tanto as empresas precisavam? Esse foi o meu ponto de partida, pela perspectiva de uma socióloga em busca da famosa transição de carreira.

O quê é UX?”, foi a busca que fiz no Google. Comecei a percorrer as definições, os textos, as possibilidades, categorias e subcategorias. Uma pontinha de conforto bateu quando me foi revelado que aquilo não se falava “úquis”, mas UX, em inglês, muito mais coerente.

Pesquisa, perspectiva do usuário, escrita, foram palavrinhas que me fisgaram e comecei a perceber que eu já tinha uma experiência e conhecimentos adquiridos nas ciências sociais que eram peças chave para o arsenal de um profissional de UX.

Saber que eu iniciaria de um ponto de partida já com uma bagagem sólida tem sido um elemento muito motivador! Alguns conceitos muito similares foram fazendo conexões imediatas na minha cabeça. Etnocentrismo, por exemplo, passava a ser a lógica primordial de um campo de conhecimento que era totalmente alienígena para mim.

Compreender a perspectiva do usuário, sua lógica baseada em uma estrutura cultural própria e não a partir do olhar do profissional de UX. O que é isso senão o próprio relativismo cultural? Conceito tão caro à Antropologia!

Conseguir penetrar nos próprios sistemas de valores de determinadas culturas ou sociedades para poder se comunicar com base nas lógicas próprias desse outro. Troque “culturas” e “sociedades” por usuários e, bingo!

E foi então que também percebi que muitas técnicas das pesquisas em ciências sociais são utilizadas em UX research, principalmente etnografia, pesquisa em profundidade, entrevistas…

O solo em que começo a pisar não é tão estranho assim. Por enquanto, vou usando minhas habilidades como paciência, persistência e coragem para continuar a caminhar na trilha humilde do aprendizado, encontrando pontos de contato coerentes entre as áreas e, passo-a-passo, compondo minha caixinha de ferramentas como uma Socióloga UX designer!